Esclareça se a reeducação alimentar é apenas um mito ou uma estratégia real e eficaz para uma vida mais saudável.
Nos últimos anos, a expressão “reeducação alimentar” tem aparecido em blogs, redes sociais e entre conversas com amigos e familiares. Para alguns, é a chave para transformar a relação com a comida, para outros, não passa de um chavão para evitar a palavra “dieta”. Mas, afinal, estamos a falar de um mito ou de uma realidade concreta e eficaz?
O que é, afinal, a reeducação alimentar?
Ao contrário de dietas restritivas e temporárias, a reeducação alimentar é um processo gradual e individualizado que procura ensinar a escolher, preparar e consumir alimentos de forma equilibrada e sustentável. Não é um “plano milagroso” — é a construção de novos hábitos que permanecem para a vida.
O que não é reeducação alimentar
• Não é eliminar grupos alimentares sem necessidade clínica ou evidência científica.
• Não é comer apenas “frango, batata-doce e brócolos” todos os dias.
• Não é um modelo único que serve para toda a gente.
Por que funciona (quando bem aplicada)
A evidência científica mostra que mudanças comportamentais consistentes têm mais impacto a longo prazo na saúde e no peso corporal do que dietas extremas. Alguns benefícios incluem:
• Melhor controlo da fome e da saciedade.
• Prevenção de défices nutricionais.
• Redução gradual e sustentável do peso corporal (quando necessário).
• Menor efeito “yo-yo” comparado com dietas restritivas.
Estudos indicam que mudanças alimentares graduais e consistentes têm maior impacto a longo prazo do que dietas restritivas.
Os mitos mais comuns
1. “Reeducação alimentar é só mais uma dieta disfarçada” — Não, o objetivo não é restringir, mas ensinar a escolher.
2. “Demora demasiado tempo” — É verdade que não há resultados imediatos como numa dieta radical, mas os resultados tendem a manter-se.
3. “Só serve para quem quer perder peso” — Também é útil para melhorar o rendimento desportivo, a digestão, o sono e a saúde em geral.
Aplicar na prática
A reeducação alimentar deve incluir:
• Organizar as refeições de forma a evitar longos períodos de jejum ou exageros alimentares.
• Incluir diariamente uma variedade de frutas, legumes, proteínas magras, hidratos de carbono complexos e gorduras saudáveis.
• Ajustar porções e qualidade conforme o nível de atividade, horários e necessidades pessoais.
• Criar estratégias para lidar com ocasiões sociais, viagens e refeições fora de casa, sem culpa e com moderação.
• Manter uma hidratação adequada ao longo do dia.
Conclusão
A reeducação alimentar é uma realidade, mas só funciona quando é personalizada, progressiva e acompanhada por um profissional. Não é uma “moda”, é uma ferramenta de saúde a longo prazo. Os resultados surgem com consistência e dedicação – não com soluções rápidas.
Inês Gonzalez
Nutricionista Holmes Place Gaia
Referências bibliográficas
1. Harvard T.H. Chan School of Public Health. The Nutrition Source: Healthy Eating Plate & Healthy Eating Pyramid. 2021. Disponível em: https://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource
2. World Health Organization. Healthy Diet. 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/healthy-diet
3. Hall, K.D. & Kahan, S. Maintenance of Lost Weight and Long-Term Management of Obesity. Medical Clinics of North America, 102(1), 183–197, 2018.
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